quinta-feira, 7 de março de 2013

[Resenha] O Nome do Vento

A Crônica do Matador do Rei
Autor: Patrick Rothfuss
Editora: Sextante
Páginas: 648 + notas

Quando você olha pra capa de O Nome do Vento pode até pensar: “Poxa, mais um querendo imitar Game of Thrones”. Se você realmente pensa assim, escreva isso num papel, amasse e jogue fora. Eu digo isso porque ouvi comentários desse tipo, de pessoas que evitam livros por pensar que são como cópias de outros. Isso é pré-julgamento, galera, e é feio. Patrick Rothfuss é um nome que deve ficar gravado na mente de quem lê alta fantasia assim como o de George R. R. Martin e Tolkien, isso é fato. Antes que me taquem pedras, não estou comparando um autor estreante com Tolkien ou qualquer outro veterano, mas acho imprescindível ressaltar que esse livro, justamente por ser o romance de estréia do autor, consegue chamar atenção. O objetivo na verdade é bem simples: contar vida de um homem. Esse homem é Kvothe, o Arcano; Kvothe, o Sem-Sangue ou mesmo Kvothe, o músico.

No início do livro, nos é apresentado um personagem peculiar, o Cronista, que segue viagem através dos Quatro Cantos da Civilização prestando serviços àqueles que querem registrar palavras, mas não as conhecem. Após ser roubado, ele chega até uma simples taberna, situada no centro de uma cidadezinha, onde conhece o estalajadeiro Kote, um homem estranhamente calmo, de cabelos vivos como o fogo, que vive a lustrar a madeira do balcão. Dentre os fregueses circulam histórias – muitas delas tão absurdas que se tornam difíceis de acreditar – sobre o famoso Kvothe, aquele que era capaz de usar magia como o grande Taborlin, o lendário feiticeiro. Porém, ninguém sabe seu paradeiro. Ninguém sabe também que Kvothe está bem ali, do outro lado do balcão servindo-lhes cerveja. O importante aqui é que o Cronista, com a ajuda de Bast, amigo de Kote, acaba por descobrir a verdade. Dessa forma, Kvothe (ou Kote) o contrata para registrar sua verdadeira história de vida, desde a infância, contada em três partes – dividida nos três dias em que o Cronista ficará hospedado na pousada. O Nome do Vento retrata o primeiro dia de relato.

Bom, com isso você pode até pensar que a história toda é contada pelo personagem, e que isso pode deixar tudo com um ar chato demais. É... Não é o que acontece. Vamos conhecer a criança Kvothe sob o olhar dela mesma, em uma narrativa em primeira pessoa. Não é o meu tipo favorito de narrativa, nem gosto muito pra ser sincero, mas ao lê-la na escrita do Rothfuss você esquece as churumelas e sente e vê tudo como o ainda pequeno Kvothe. Sente e vê sua humilde família ser assassinada em uma chacina comandada pelo Chandriano, uma espécie de grupo negro cercado de mistérios no qual ninguém acredita por se tratar de histórias para crianças. Quem hoje em dia acreditaria que o Papai Noel é verdadeiro? Ou mesmo o Coelho da Páscoa? É essa a sensação que todos têm ao ouvirem sobre o Chandriano da boca de Kvothe. Tudo ainda é agravado pelo fato dele descender dos Edena Ruh, uma trupe de artistas muito mal vista pela sociedade e tratada como ladrões de sangue sujo.

É a partir dessa fatídica noite – e também de um par de cenas muito tristes e carregadas de emoção – que começamos a conhecer o menino Kvothe realmente. Com ele vamos encontrar a fome e o frio, perambular como mendigos e ladrões pelo labirinto de telhados da grande Tarbean, sentir a humildade e bondade de pessoas capazes de doar o próprio alimento para ajudar a quem precisa. Também vamos descobrir o forte desejo de vingança e o ódio que ele nutre pelo Chandriano, que ele viu com os próprios olhos. Assim, já com mais de 13 anos, ele parte de Tarbean rumo à Universidade, na qual tentará ingressar a fim de se tornar um Arcanista, mas também com segundas intenções: ter acesso ao Arquivo, a maior biblioteca dos Quatro Cantos, onde tenciona encontrar mais informações sobre o Chandriano. E lá ele se depara com mais obstáculos que sua origem humilde pavorosamente lhe ajuda a obter: desprezo por parte dos filhinhos de papai, desavenças com um novo arquiinimigo, açoitadas nas costas, altas taxas de matrícula, negociações com agiotas mortais, dentre outros. Porém, nem só de desgraça é feita a vida: torna-se amigo de Willem e Simmon e começa a aprender as dificultosas disciplinas necessárias para se tornar um verdadeiro membro do Arcanum.

Aí você me pergunta: E que diabos “o nome do vento” tem a ver com tudo isso? Bem, Kvothe tem o sonho de se tornar um nomeador, capaz de conhecer e dominar os nomes de todas as coisas. Com o tempo se descobre capaz de invocar o nome do vento. Isso é alta magia, coisa que poucas pessoas no mundo são capazes de utilizar. Enfim, não vou me estender e contar todos os detalhes, pois o livro é grande e guarda bastante coisa complexa – como as disciplinas da Universidade, que diferem de muitas coisas já lidas por você, eu garanto – e outros mistérios que vão te deixar puto e te fazer quebrar a cabeça – tal como a famosa porta de quatro placas no Arquivo, que guarda alguma coisa nunca descoberta por ninguém ou mesmo os misteriosos Faes e etc, etc, etc. Se você procura um ótimo livro de alta fantasia, equiparado aos grandes nomes do gênero, eu indico O Nome do Vento a você. Saiba que ele já tem uma continuação publicada, a qual eu pretendo resenhar em um futuro próximo. Se você já leu, achou uma bosta ou quer compartilhar sua opinião sobre ele, é só nos deixar um comentário!

Por Jeff Pavanin

Nenhum comentário:

Postar um comentário