Autor: Patrick Rothfuss
Editora: Sextante
Páginas: 648 + notas
Quando
você olha pra capa de O Nome do Vento
pode até pensar: “Poxa, mais um querendo imitar Game of Thrones”. Se você realmente
pensa assim, escreva isso num papel, amasse e jogue fora. Eu digo isso porque
ouvi comentários desse tipo, de pessoas que evitam livros por pensar que são como cópias de outros.
Isso é pré-julgamento, galera, e é feio. Patrick Rothfuss é um nome que deve
ficar gravado na mente de quem lê alta fantasia assim como o de George R. R.
Martin e Tolkien, isso é fato. Antes que me taquem pedras, não estou comparando
um autor estreante com Tolkien ou qualquer outro veterano, mas acho
imprescindível ressaltar que esse livro, justamente por ser o romance de
estréia do autor, consegue chamar atenção. O objetivo na verdade é bem simples:
contar vida de um homem. Esse homem é Kvothe, o Arcano; Kvothe, o Sem-Sangue ou
mesmo Kvothe, o músico.
Aí você
me pergunta: E que diabos “o nome do vento” tem a ver com tudo isso? Bem,
Kvothe tem o sonho de se tornar um nomeador, capaz de conhecer e dominar os
nomes de todas as coisas. Com o tempo se descobre capaz de invocar o nome do
vento. Isso é alta magia, coisa que poucas pessoas no mundo são capazes de
utilizar. Enfim, não vou me estender e contar todos os detalhes, pois o livro é
grande e guarda bastante coisa complexa – como as disciplinas da Universidade,
que diferem de muitas coisas já lidas por você, eu garanto – e outros mistérios
que vão te deixar puto e te fazer quebrar a cabeça – tal como a famosa porta de
quatro placas no Arquivo, que guarda alguma coisa nunca descoberta por ninguém
ou mesmo os misteriosos Faes e etc, etc, etc. Se você procura um ótimo livro de
alta fantasia, equiparado aos grandes nomes do gênero, eu indico O Nome do Vento a você. Saiba que ele já
tem uma continuação publicada, a qual eu pretendo resenhar em um futuro
próximo. Se você já leu, achou uma bosta ou quer compartilhar sua opinião sobre
ele, é só nos deixar um comentário!
No
início do livro, nos é apresentado um personagem peculiar, o Cronista, que
segue viagem através dos Quatro Cantos da Civilização prestando serviços
àqueles que querem registrar palavras, mas não as conhecem. Após ser roubado,
ele chega até uma simples taberna, situada no centro de uma cidadezinha, onde
conhece o estalajadeiro Kote, um homem estranhamente calmo, de cabelos vivos
como o fogo, que vive a lustrar a madeira do balcão. Dentre os fregueses
circulam histórias – muitas delas tão absurdas que se tornam difíceis de acreditar
– sobre o famoso Kvothe, aquele que era capaz de usar magia como o grande
Taborlin, o lendário feiticeiro. Porém, ninguém sabe seu paradeiro. Ninguém
sabe também que Kvothe está bem ali, do outro lado do balcão servindo-lhes
cerveja. O importante aqui é que o Cronista, com a ajuda de Bast, amigo de
Kote, acaba por descobrir a verdade. Dessa forma, Kvothe (ou Kote) o contrata
para registrar sua verdadeira história de vida, desde a infância, contada em
três partes – dividida nos três dias em que o Cronista ficará hospedado na
pousada. O Nome do Vento retrata o
primeiro dia de relato.
Bom,
com isso você pode até pensar que a história toda é contada pelo personagem, e
que isso pode deixar tudo com um ar chato demais. É... Não é o que acontece. Vamos
conhecer a criança Kvothe sob o olhar dela mesma, em uma narrativa em primeira
pessoa. Não é o meu tipo favorito de narrativa, nem gosto muito pra ser
sincero, mas ao lê-la na escrita do Rothfuss você esquece as churumelas e sente e vê tudo como o ainda
pequeno Kvothe. Sente e vê sua humilde família ser assassinada em uma chacina
comandada pelo Chandriano, uma espécie de grupo negro cercado de mistérios no
qual ninguém acredita por se tratar de histórias para crianças. Quem hoje em
dia acreditaria que o Papai Noel é verdadeiro? Ou mesmo o Coelho da Páscoa? É
essa a sensação que todos têm ao ouvirem sobre o Chandriano da boca de Kvothe.
Tudo ainda é agravado pelo fato dele descender dos Edena Ruh, uma trupe de
artistas muito mal vista pela sociedade e tratada como ladrões de sangue sujo.
É
a partir dessa fatídica noite – e também de um par de cenas muito tristes e
carregadas de emoção – que começamos a conhecer o menino Kvothe realmente. Com
ele vamos encontrar a fome e o frio, perambular como mendigos e ladrões pelo
labirinto de telhados da grande Tarbean, sentir a humildade e bondade de
pessoas capazes de doar o próprio alimento para ajudar a quem precisa. Também
vamos descobrir o forte desejo de vingança e o ódio que ele nutre pelo
Chandriano, que ele viu com os próprios olhos. Assim, já com mais de 13 anos,
ele parte de Tarbean rumo à Universidade, na qual tentará ingressar a fim de se
tornar um Arcanista, mas também com segundas intenções: ter acesso ao Arquivo,
a maior biblioteca dos Quatro Cantos, onde tenciona encontrar mais informações
sobre o Chandriano. E lá ele se depara com mais obstáculos que sua origem
humilde pavorosamente lhe ajuda a obter: desprezo por parte dos filhinhos de
papai, desavenças com um novo arquiinimigo, açoitadas nas costas, altas taxas
de matrícula, negociações com agiotas mortais, dentre outros. Porém, nem só de
desgraça é feita a vida: torna-se amigo de Willem e Simmon e começa a aprender
as dificultosas disciplinas necessárias para se tornar um verdadeiro membro do
Arcanum.
Por Jeff Pavanin
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