Pequeno príncipe, pequeno planeta. |
Editora: Agir
páginas: 95
Eis-me aqui, preparado para falar
de um livro o qual me senti tentadíssimo a resenhar. O Pequeno Príncipe é uma obra que dificilmente as pessoas não
leram, ou não conhecem ao menos uma frase. Antoine de Saint-Exupéry é um autor
muito suave e vertical, capaz de atingir a profundidade mais oculta da nossa
alma invadindo-nos pelos olhos (e quando o livro termina eles ficam marejados
de tristeza e alegria; uma bagunça). Esta obra se torna signo da pureza e da
“magesticidade” que a infância tem, e já que a mais imortal das frases é a da
raposa: "tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”,
Exupéry tem uma grande responsabilidade nas costas por nos capturar com a sua
simplicidade.
Trata-se de um principezinho que
vive em outro planeta da galáxia, que na verdade é um asteroide nomeado, pelos
homens da Terra, como B 612. Lá o príncipe vive sozinho, o espaço é pequeno e
ele ama o lugar onde vive. Cuida da terra e meticulosamente livra-se das
sementes de baobá, pois elas seriam o fim do seu lar, se as suas gigantescas
raízes entranhassem pelo chão e vazassem o planeta. O principezinho dos cabelos
dourados planta uma rosa de estimação e com ela conversa, tenta tirar dela os
seus temores, reconhece a sua vaidade enquanto flor e a ampara em todas as suas
necessidades.
Antes de conhecermos o planeta e
a rosa do principezinho, nos deparamos com o narrador da história; um aviador
que fora, pelos adultos, desmotivado do desenho e da pintura ainda na infância,
contando-nos o diálogo que teve com o menino em um pouso forçado que fez pelo
deserto. “Desenha-me um carneiro?”, era o pedido que o príncipe fazia para ele.
E depois de suas inúmeras tentativas frustradas, desenha uma caixa e diz que o
carneiro está lá. Finalmente ele se contenta e fica feliz. E é aí que o nosso
narrador descobre que ele é um menino que “veio do céu”.
A meu ver, o menino-príncipe
carrega consigo o potencial para despertar as verdades das pessoas. Quando ele
visita outros planetas, se depara com outras pessoas e contesta a razão de
serem e de existirem daquela maneira. Um rei ganancioso e que se vê superior a
outras pessoas, mesmo morando em um planeta tão minúsculo quanto ao seu. Um
planeta também pequenino onde mora um vaidoso. E este sempre vê as outras
pessoas como seus admiradores e quer ser sempre o centro das atenções, ser
admirado; o príncipe conversa com ele, ou melhor, tenta conversar, mas o
vaidoso não o dá ouvidos. Os vaidosos não escutam coisas que não sejam elogios.
O príncipe ainda encontra o
planeta de um bêbado, de um homem de negócios, de um acendedor de lampiões e de
um velho que escrevia livros grandes. O bêbado é um paradoxo, porque sofre as
mágoas bebendo e bebe porque sofre as mágoas; o homem de negócios vive para
negociar e não o contrário. Diz-se o dono das estrelas e as conta
incansavelmente, para ser ainda mais rico e comprar mais estrelas; o acendedor
de lampiões é um seguidor compulsivo das regras. Ele se abdica de sua vida para
se dedicar ao regulamento de acender e apagar o lampião. Os dias só duram um
minuto, então ele é encarregado do “acende-apaga” sem descanso; o velho que
escreve livros grossos é um geógrafo e ele não sabe nada sobre a sua terra,
sobre o seu mundo porque afirma ser importante de mais para sair como um
explorador. Talvez se representasse com a teoria sem a prática. Como podemos
descobrir verdades se não a buscarmos nós mesmos?
Entendo que estes planetas em que
moram são pequenos porque o ego destas personagens talvez seja grande demais,
elas estão sempre em busca de algo antinatural que muitas das vezes não tem
sentido algum. Então se pensarmos deste ponto nós afirmaríamos: “Mas o planeta
do príncipe é pequeno. Isso significa que ele também é egoísta”.
Creio que o principezinho
representa a simplicidade e a inocência e por isso a pequenez do seu lar é na
verdade o contraste de todos os outros planetas apresentados acima! Talvez
Saint-Exupéry nos tenha mostrado que nem sempre o que é pequeno é simples, e
nem sempre o que é simples é necessariamente pequeno, o que é curioso para um
livro tão pequenino, porém infinitamente gostoso.
Não teríamos um pouco de cada “homem de pequeno planeta” em nós? Nossas
manias de grandeza não fazem o mundo ficar pequeno demais para duas pessoas?
Finalmente, o príncipe vai ao
sétimo planeta e este é a nossa Terra! E indico esta como sendo a melhor parte
do livro todo. Caso o leitor não tenha ainda desfrutado, espero que leia, pois
nem me arrisco a tentar resumir aqui uma obra de arte tão linda. Se o fizesse
quebraria com certeza a poesia que existe em cada linha.
“Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu
começarei a ser feliz.”
Descubro o paradeiro da minha
felicidade toda vez que me lembro de ter lido “O Pequeno Príncipe”. É como se
ele viesse me visitar sem hora marcada. Sem hora marcada para ser feliz.
Por Leandro Lourenço
Por Leandro Lourenço
Olá! Aah O Pequeno Príncipe sempre será o meu xodó! Simplesmente amo esse livro, tem os melhores quotes e a melhor escrita! Adorei sua resenha e seu blog, seguindo! Se quiser dá uma passada no meu! http://bolinhosliterarios.blogspot.com.br/
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