sábado, 16 de março de 2013

[Resenha] A Passagem

Nova capa do selo Arqueiro
Autor: Justin Cronin
Editora: Sextante
Páginas: 816

A passagem – primeiro volume na trilogia do americano Justin Cronin passou um ano (talvez até mais tempo) guardado na minha estante até que eu resolvesse lê-lo. Nem mesmo a resenha estrelar feita pelo Stephen King, um dos meus escritores favoritos, foi o suficiente pra me tentar a encarar esse livrão de mais de 800 páginas – não tanto pelo seu tamanho, mas sim pela minha ressaca literária de vampiros da época (que persiste até hoje). Ou talvez estivesse apenas esperando o momento certo para ler este romance (livros têm muito disso e acho que muitos leitores concordam com esse fato).

Enfim, o que eu encontrei foi uma grande e agradável surpresa nesse romance épico. Vou tentar dar uma pincelada geral na estória sem estragar os detalhes, sutilizas e tramas do livro:

A narrativa começa nos introduzindo a personagem principal: Amy Harper Bellafonte e a série de infortúnios encarados por sua mãe antes e após seu nascimento, até o momento em que ela é abandonada num convento de freiras.

“Antes de se tornar a Garota de lugar nenhum – Aquela que surgiu, A Primeira, Última e Única, a que viveu mil anos – ela era apenas uma menininha de Iowa chamada Amy...”.

Enquanto a história de Amy se desenvolve em um canto do país, temos dois agentes do FBI – Wolgast e Carter – coletando prisioneiros condenados à morte para participarem de um teste de pesquisa do governo. Eles vão até as prisões e oferecerem a troca da pena de morte pela autorização a ser utilizado como cobaia em um projeto.

O Projeto Noah nada mais é do que uma tentativa dos cientistas e do governo americano de isolar o vírus do vampirismo com todas as qualidades (imortalidade, força, etc) e criar super soldados para servir os Estados Unidos.

Só que, até então, os cientistas não conseguem o resultado desejado: todas as cobaias se transformam em criaturas terríveis, dignas de filmes de terror, assustadoras a ponto de tirar qualquer dúvida de que esse livro não se trata de vampiros fofinhos. O que temos aqui são criaturas mortais, sensíveis à luz solar, sedentas por sangue. Os verdadeiros vampiros, junto a uma trama incrível e personagens maravilhosos e inesquecíveis.

O caminho dos agentes se cruza com o de Amy quando o nome da garota surge na lista de pessoas a serem convocadas para participar do projeto Noah. E, para a surpresa dos cientistas, Amy é a primeira paciente em que o vírus funciona da forma planejada (ou o mais próximo possível).

O único problema é que é nesse momento em que os doze prisioneiros cobaias (ou “virais” como são referidos no livro) conseguem fugir e, com isso, acabam decimando a população dos Estados Unidos, modificando completamente o país.

“Aconteceu depressa. Trinta e dois minutos para um mundo morrer e outro começar a nascer”.

Foi nesse ponto em que eu já estava apaixonado pela narrativa e por todos os detalhes do livro que o autor me dá um baita susto: após a fuga dos vampiros há um pulo de 92 anos na narrativa – nós temos a visão geral da vida dos sobreviventes após incidente da fuga dos virais e como eles estão resistindo a essa ameaça perene da presença dos virais. Temos, aqui, um livro dentro de um livro: um novo grupo de personagens é apresentado, somos introduzidos às suas histórias e ao grande dilema que essa população enfrenta: a única maneira a sobreviver aos virais, mais importante que o grande muro que cerca a colônia, é as luzes ofuscantes que brilham a noite inteira, afastando essas criaturas. Enquanto houver luz, eles estão a salvo... O único problema é que a energia elétrica está quase se esgotando.

A partir desse conflito a narrativa começa, lentamente, a se encaixar de forma única e brilhante com todos os eventos que acontecem no início do livro, 92 anos atrás – começando com a chegada da menina Amy a essa colônia.

Embora eu tenha começado a ler essa segunda parte do livro com certo receio pela mudança abrupta, a partir do momento em que dei chance da história se desenvolver no seu próprio ritmo, as coisas ficavam, a cada página, mais e mais incríveis, renovando meu amor pelo livro. Posso dizer, sem dúvidas, que esse é um dos melhores livros do gênero que já li – Justin Cronin é um escritor com uma escrita incrível, uma sensibilidade incomparável e uma habilidade de virtuoso para contar um épico como esse. As comparações feitas com A Dança da Morte de Stephen King são mais que justas, assim como o elogio tecido pelo famoso autor de terror à Passagem:

"Esta é a história de vampiros que você não pode perder: 15 páginas são suficientes para cativá-lo; depois de 30, você se descobrirá prisioneiro, lendo noite adentro. Um livro com a força dos épicos.” – Stephen King.

De uma coisa tenho certeza: não vou demorar tanto quanto para começar a ler o segundo volume dessa trilogia: Os Doze (já disponível em português) – e mal posso esperar pela conclusão da história que saí em 2014. E que venham as adaptações cinematográficas!

Por Hike Penido

2 comentários:

  1. Nossa, eu não sei porque diabos eu achava que esse livro era um autoajuda tipo A Cabana e semelhantes, eu sou muito desatenciosa às vezes. Mas agora fiquei bem interessada na série, entretanto, o número de páginas me assusta um pouco, já que tenho tantos, mas tantos livros para ler ainda. Talvez eu comece a ler quando a trilogia toda for publicada.

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    1. Lu, eu tinha essa mesma impressão, acredita? Talvez pelo fato de a capa de A Passagem e do A Cabana serem muito parecidas. Por isso eu acho que a editora foi bem feliz em reformular as capas para o selo Arqueiro. E, convenhamos, ficaram lindas demais! Também pretendo lê-lo, mas o número de páginas acaba me agradando, ainda que eu demore a ler ;)

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