Nova capa do selo Arqueiro |
Autor: Justin Cronin
Editora: Sextante
Páginas: 816
A passagem – primeiro volume na
trilogia do americano Justin Cronin passou um ano (talvez até mais tempo)
guardado na minha estante até que eu resolvesse lê-lo. Nem mesmo a resenha
estrelar feita pelo Stephen King, um dos meus escritores favoritos, foi o
suficiente pra me tentar a encarar esse livrão de mais de 800 páginas – não
tanto pelo seu tamanho, mas sim pela minha ressaca literária de vampiros da
época (que persiste até hoje). Ou talvez estivesse apenas esperando o momento
certo para ler este romance (livros têm muito disso e acho que muitos leitores concordam
com esse fato).
Enfim, o que eu encontrei foi uma
grande e agradável surpresa nesse romance épico. Vou tentar dar uma pincelada
geral na estória sem estragar os detalhes, sutilizas e tramas do livro:
A narrativa começa nos
introduzindo a personagem principal: Amy Harper Bellafonte e a série de
infortúnios encarados por sua mãe antes e após seu nascimento, até o momento em
que ela é abandonada num convento de freiras.
“Antes de se tornar a Garota de lugar nenhum – Aquela que surgiu, A Primeira, Última e Única, a que viveu mil anos – ela era apenas uma menininha de Iowa chamada Amy...”.
Enquanto a história de Amy se
desenvolve em um canto do país, temos dois agentes do FBI – Wolgast e Carter –
coletando prisioneiros condenados à morte para participarem de um teste de
pesquisa do governo. Eles vão até as prisões e oferecerem a troca da pena de
morte pela autorização a ser utilizado como cobaia em um projeto.
O Projeto Noah nada mais é do que
uma tentativa dos cientistas e do governo americano de isolar o vírus do
vampirismo com todas as qualidades (imortalidade, força, etc) e criar super
soldados para servir os Estados Unidos.
Só que, até então, os cientistas
não conseguem o resultado desejado: todas as cobaias se transformam em
criaturas terríveis, dignas de filmes de terror, assustadoras a ponto de tirar
qualquer dúvida de que esse livro não se trata de vampiros fofinhos. O que
temos aqui são criaturas mortais, sensíveis à luz solar, sedentas por sangue. Os
verdadeiros vampiros, junto a uma trama incrível e personagens maravilhosos e
inesquecíveis.
O caminho dos agentes se cruza
com o de Amy quando o nome da garota surge na lista de pessoas a serem
convocadas para participar do projeto Noah. E, para a surpresa dos cientistas,
Amy é a primeira paciente em que o vírus funciona da forma planejada (ou o mais
próximo possível).
O único problema é que é nesse
momento em que os doze prisioneiros cobaias (ou “virais” como são referidos no
livro) conseguem fugir e, com isso, acabam decimando a população dos Estados
Unidos, modificando completamente o país.
“Aconteceu depressa. Trinta e dois minutos para um mundo morrer e outro começar a nascer”.
Foi nesse ponto em que eu já
estava apaixonado pela narrativa e por todos os detalhes do livro que o autor
me dá um baita susto: após a fuga dos vampiros há um pulo de 92 anos na
narrativa – nós temos a visão geral da vida dos sobreviventes após incidente da
fuga dos virais e como eles estão resistindo a essa ameaça perene da presença
dos virais. Temos, aqui, um livro dentro de um livro: um novo grupo de
personagens é apresentado, somos introduzidos às suas histórias e ao grande
dilema que essa população enfrenta: a única maneira a sobreviver aos virais,
mais importante que o grande muro que cerca a colônia, é as luzes ofuscantes
que brilham a noite inteira, afastando essas criaturas. Enquanto houver luz,
eles estão a salvo... O único problema é que a energia elétrica está quase se
esgotando.
A partir desse conflito a
narrativa começa, lentamente, a se encaixar de forma única e brilhante com
todos os eventos que acontecem no início do livro, 92 anos atrás – começando com
a chegada da menina Amy a essa colônia.
Embora eu tenha começado a ler
essa segunda parte do livro com certo receio pela mudança abrupta, a partir do
momento em que dei chance da história se desenvolver no seu próprio ritmo, as
coisas ficavam, a cada página, mais e mais incríveis, renovando
meu amor pelo livro. Posso dizer, sem dúvidas, que esse é um dos melhores
livros do gênero que já li – Justin Cronin é um escritor com uma escrita
incrível, uma sensibilidade incomparável e uma habilidade de virtuoso para
contar um épico como esse. As comparações feitas com A Dança da Morte de
Stephen King são mais que justas, assim como o elogio tecido pelo famoso autor
de terror à Passagem:
"Esta é a história de vampiros que você não pode perder: 15 páginas são suficientes para cativá-lo; depois de 30, você se descobrirá prisioneiro, lendo noite adentro. Um livro com a força dos épicos.” – Stephen King.
De uma coisa tenho certeza: não
vou demorar tanto quanto para começar a ler o segundo volume dessa trilogia: Os Doze (já disponível em português) – e
mal posso esperar pela conclusão da história que saí em 2014. E que venham as
adaptações cinematográficas!
Por Hike Penido
Por Hike Penido
Nossa, eu não sei porque diabos eu achava que esse livro era um autoajuda tipo A Cabana e semelhantes, eu sou muito desatenciosa às vezes. Mas agora fiquei bem interessada na série, entretanto, o número de páginas me assusta um pouco, já que tenho tantos, mas tantos livros para ler ainda. Talvez eu comece a ler quando a trilogia toda for publicada.
ResponderExcluirLu, eu tinha essa mesma impressão, acredita? Talvez pelo fato de a capa de A Passagem e do A Cabana serem muito parecidas. Por isso eu acho que a editora foi bem feliz em reformular as capas para o selo Arqueiro. E, convenhamos, ficaram lindas demais! Também pretendo lê-lo, mas o número de páginas acaba me agradando, ainda que eu demore a ler ;)
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