Autor: Maurice Druon
Editora: JOSÉ OLYMPIO
Páginas: 110
Menino do dedo verde?
O nome nos leva a pensar, com muita facilidade, que o livro aqui discutido
nesta resenha é mais um best seller ;
daqueles com nomes bem exóticos criados puramente para despertar um interesse
em “leitores-bisbilhoteiros”. Mas não! Relativamente não. Este livro infantil
foi escrito por um autor gerado no mesmo ventre acadêmico que Saint-Exupéry e
por isso (não só por isso, é claro) digno de prestígio e de leituras cada vez
mais apaixonadas. Seu nome é Maurice Druon.
A leitura é fluida de
forma exagerada, porque é simples e cumpre o papel que a literatura infantil
deve cumprir: simplificar coisas profundas sem deixar de ter magnitude, revelar
uma história que faça crianças correrem as páginas como se os olhos fossem a
boca para uma fome que é a curiosidade e os adultos invejarem a infâncias de si
mesmos se tivessem nas mãos este livro.
Sem muitas delongas,
“O menino do dedo verde” questiona a guerra e seu significado para os homens da
politicagem e para os homens que constroem armas; “hospedando-se” na
perspectiva de uma criança que “não é como as outras”. Tistu, o dito cujo, é o
filho do homem mais rico da cidade de Mirapólvora, o dono da fábrica de canhões
que tem o maior espaço do mercado bélico mundial. Quando o Sr. Papai o
matricula na escola, acaba por receber uma notícia desgostosa: Tistu não pode
frequentar as aulas porque não é como os outros. Mas o problema que nasce aí
como uma erva daninha, na verdade revela uma belíssima flor: Tistu não vai
aprender as coisas do mundo por uma escola de pedra, mas sim, pela escola da
vida: O Sr. Papai escolhe os melhores profissionais da cidade, para que ensinem
seu filho o que não pôde aprender com um professor. Primeiramente e já em
grande surpresa, o jardineiro de sua casa, Sr. Bigode, acidentalmente
descobre que o menino tem o polegar
verde, que faz germinar as sementes adormecidas das plantas, permitindo que
cresçam de maneira monstruosa.
O Sr. Bigode
afeiçoa-se a Tistu e os dois compartilham o segredo sobre o dedo verde (que não
é da cor verde, e que só é chamado assim por que faz crescer a vegetação). Em
seguida, com o senhor Trovões, diretor do presídio de Mirapólvora, conhecerá as
leis dos homens. Tistu vai observar como as prisões são cinzentas e tristes; e
vai tentar colorir tudo o que está atrás das grades com as cores da natureza. E
ainda, com o doutor Milmales aprenderá que a saúde é uma dádiva muito frágil e
que a doença é uma perdição insistente. Que os hospitais, por serem tão
apáticos, tornam as pessoas cada vez mais pálidas e sem vontade de se
recuperarem. E o mais importante, descobrirá que a sua diferença para com os
outros é boa, milagrosa! Tistu vai descobrindo e sorvendo o mundo a partir da
benevolência que pode gerar no coração dos homens: as flores trazem alegria e
prosperidade para a vida alheia e por isso devem florir para todos. Sejam
prisioneiros, gente da favela ou até mesmo animais do zoológico.
Mas quando a guerra
chega á Mirapólvora, Tistu é o único capaz de discernir o que tem que ser
feito. Lembremo-nos da famosa cena da flor que é colocada no cano de uma arma.
As pétalas e pedúnculos podem exorcizar os males que as balas derramam? A vida
que as bombas levam? Tistu nos ensina a guerrear com cores e aromas.
O menino do dedo
verde faz germinar a flor inocente da nossa infância, que há muito tempo estava
adormecida. Basta que ele nos toque com seu polegar.
Por Leandro Lourenço
Tistu! Lembro que ele era minha inspiração quando criança. Li e reli esse livro umas 3 vezes. Meu exemplar está todo despedaçado e feio, mas foi muito aproveitado :)
ResponderExcluirAs vezes um exemplar despedaçado dá mais orgulho de ter!!
ExcluirPor mais triste que fique a aparência, é lindo saber que foi lido tantas vezes e ainda durou com a passagem do tempo hahaha
gostei bastante do livro
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