terça-feira, 12 de março de 2013

[Resenha] O Pequeno Príncipe

Pequeno príncipe, pequeno planeta.
Autor: Antoine de Saint-Exupéry
Editora: Agir
páginas: 95

Eis-me aqui, preparado para falar de um livro o qual me senti tentadíssimo a resenhar. O Pequeno Príncipe é uma obra que dificilmente as pessoas não leram, ou não conhecem ao menos uma frase. Antoine de Saint-Exupéry é um autor muito suave e vertical, capaz de atingir a profundidade mais oculta da nossa alma invadindo-nos pelos olhos (e quando o livro termina eles ficam marejados de tristeza e alegria; uma bagunça). Esta obra se torna signo da pureza e da “magesticidade” que a infância tem, e já que a mais imortal das frases é a da raposa: "tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”, Exupéry tem uma grande responsabilidade nas costas por nos capturar com a sua simplicidade.

Trata-se de um principezinho que vive em outro planeta da galáxia, que na verdade é um asteroide nomeado, pelos homens da Terra, como B 612. Lá o príncipe vive sozinho, o espaço é pequeno e ele ama o lugar onde vive. Cuida da terra e meticulosamente livra-se das sementes de baobá, pois elas seriam o fim do seu lar, se as suas gigantescas raízes entranhassem pelo chão e vazassem o planeta. O principezinho dos cabelos dourados planta uma rosa de estimação e com ela conversa, tenta tirar dela os seus temores, reconhece a sua vaidade enquanto flor e a ampara em todas as suas necessidades.

Antes de conhecermos o planeta e a rosa do principezinho, nos deparamos com o narrador da história; um aviador que fora, pelos adultos, desmotivado do desenho e da pintura ainda na infância, contando-nos o diálogo que teve com o menino em um pouso forçado que fez pelo deserto. “Desenha-me um carneiro?”, era o pedido que o príncipe fazia para ele. E depois de suas inúmeras tentativas frustradas, desenha uma caixa e diz que o carneiro está lá. Finalmente ele se contenta e fica feliz. E é aí que o nosso narrador descobre que ele é um menino que “veio do céu”.

A meu ver, o menino-príncipe carrega consigo o potencial para despertar as verdades das pessoas. Quando ele visita outros planetas, se depara com outras pessoas e contesta a razão de serem e de existirem daquela maneira. Um rei ganancioso e que se vê superior a outras pessoas, mesmo morando em um planeta tão minúsculo quanto ao seu. Um planeta também pequenino onde mora um vaidoso. E este sempre vê as outras pessoas como seus admiradores e quer ser sempre o centro das atenções, ser admirado; o príncipe conversa com ele, ou melhor, tenta conversar, mas o vaidoso não o dá ouvidos. Os vaidosos não escutam coisas que não sejam elogios.

O príncipe ainda encontra o planeta de um bêbado, de um homem de negócios, de um acendedor de lampiões e de um velho que escrevia livros grandes. O bêbado é um paradoxo, porque sofre as mágoas bebendo e bebe porque sofre as mágoas; o homem de negócios vive para negociar e não o contrário. Diz-se o dono das estrelas e as conta incansavelmente, para ser ainda mais rico e comprar mais estrelas; o acendedor de lampiões é um seguidor compulsivo das regras. Ele se abdica de sua vida para se dedicar ao regulamento de acender e apagar o lampião. Os dias só duram um minuto, então ele é encarregado do “acende-apaga” sem descanso; o velho que escreve livros grossos é um geógrafo e ele não sabe nada sobre a sua terra, sobre o seu mundo porque afirma ser importante de mais para sair como um explorador. Talvez se representasse com a teoria sem a prática. Como podemos descobrir verdades se não a buscarmos nós mesmos?

Entendo que estes planetas em que moram são pequenos porque o ego destas personagens talvez seja grande demais, elas estão sempre em busca de algo antinatural que muitas das vezes não tem sentido algum. Então se pensarmos deste ponto nós afirmaríamos: “Mas o planeta do príncipe é pequeno. Isso significa que ele também é egoísta”.

Creio que o principezinho representa a simplicidade e a inocência e por isso a pequenez do seu lar é na verdade o contraste de todos os outros planetas apresentados acima! Talvez Saint-Exupéry nos tenha mostrado que nem sempre o que é pequeno é simples, e nem sempre o que é simples é necessariamente pequeno, o que é curioso para um livro tão pequenino, porém infinitamente gostoso.

Não teríamos um pouco de cada “homem de pequeno planeta” em nós? Nossas manias de grandeza não fazem o mundo ficar pequeno demais para duas pessoas?

Finalmente, o príncipe vai ao sétimo planeta e este é a nossa Terra! E indico esta como sendo a melhor parte do livro todo. Caso o leitor não tenha ainda desfrutado, espero que leia, pois nem me arrisco a tentar resumir aqui uma obra de arte tão linda. Se o fizesse quebraria com certeza a poesia que existe em cada linha.

“Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz.”

Descubro o paradeiro da minha felicidade toda vez que me lembro de ter lido “O Pequeno Príncipe”. É como se ele viesse me visitar sem hora marcada. Sem hora marcada para ser feliz.

Por Leandro Lourenço

Um comentário:

  1. Olá! Aah O Pequeno Príncipe sempre será o meu xodó! Simplesmente amo esse livro, tem os melhores quotes e a melhor escrita! Adorei sua resenha e seu blog, seguindo! Se quiser dá uma passada no meu! http://bolinhosliterarios.blogspot.com.br/

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